Análise de uma campanha em combate a fome na África segundo a Gramática do Design Visual (GDV) de Kress e Van Leeuwen
As desigualdades sociais são uma demanda no âmbito mundial. Entre essas
demandas estão a má distribuição de renda, falta de oportunidades de empregos,
corrupção entre outros. Isso acaba gerando fome e miséria em muitas populações.
A África sempre chamou a atenção de todo
o mundo para essa problemática. De acordo com a FAO(Organização para a
Alimentação e Agricultura) e ONU( Organização das Nações Unidas) o continente
Africano possui cerca de 236 milhões de pessoas afetadas pela fome, isso inclui
famílias e crianças sem, ao menos, uma refeição diária.
Diante do exposto, faremos uma análise de uma imagem, usando as categorias
da GDV, de uma campanha para arrecadar alimentos para crianças com fome na
África. O processo comunicativo faz uso da linguagem e têm, cada vez mais, se
diversificado, são inovadoras as ferramentas atribuídas e criativas as suas
intencionalidades. Sobre isso, Halliday (1978;1989; 1994) idealizou a Gramática
Sistêmico Funcional( GDV), e, inspirados nessa teoria, Kress e Van Leeuwen
(2006) desenvolveram a Gramática do Design Visual( GDV) para então, explicar os sistemas complexos presentes nas
imagens.
Podemos visualizar uma criança dentro de um carrinho de supermercado, não carregada fisicamente como é comum vermos, mas percebemos na imagem a criança abaixada e com as mãos estendidas para receber o alimento enlatado oferecido por uma mão anônima. A criança está em um ambiente paralelo ao local aonde vemos o carrinho, pois a luminosidade de cada ambiente se distinguem. Podemos ver que o chão de cada ambiente é diferente, ao fundo do carrinho temos um chão de asfalto ou rua e na parte de fora do carrinho vemos os rejuntes de pisos( cerâmica ou porcelanato)de ambientes bem mais arquitetados.
De acordo com a GDV essa imagem possui regras de organização externas decorrentes de representações socias, ela representa a fome das crianças na África e faz um apelo à arrecadação de alimentos, uma espécie de lembrete para quando as pessoas forem aos supermercados comprarem alimentos para também doarem. A imagem “ fome" é uma representação narrativa, pois narra uma ação que envolve um ator, ação e setas direcionadas à meta, o ator seria a criança, suas mãos estendidas se dirigem para receber o alimento enlatado “oferecido” por uma mão que representa um consumidor/ leitor colocando alimento dentro do carrinho , o qual seria a sua meta, ou seja, uma ação transacional que ocorre quando o olhar do ator se dirige à alguém, alguma coisa ou a um fenômeno presente na imagem. Revelando assim um processo de coordenação, vejamos abaixo a imagem com as representações. Essa imagem se qualifica na metafunção ideacional representacional, pois contém participantes representados. A imagem se encaixa na metafunção interativa que considera o vetor formado pelo olhar dos participantes e serve como um instrumento de interação com o leitor, isso pode ser notado pelo olhar que exige algo do leitor, faz uma apelo. Na imagem Fome temos um olhar de demanda do ator e esse olhar nos faz um convite a ajudar as crianças que precisam de alimentos.
Diante do enquadramento da imagem temos um enquadramento em plano aberto isso remete à baixa intimidade e subjetividade, maior confiança, serenidade e transparência, ou seja, o leitor têm a possibilidade de saber tudo sobre o participante fazendo uma leitura geral da imagem.Quanto à modalidade, segundo a GDV, a imagem possui alta modalidade naturalística marcada pela modulação, saturação adequada das cores e detalhes que salientam a imagem do garotinho e se aproxima da realidade. Diante da perspectiva do olhar a imagem nos sugere uma perspectiva em ângulo baixo atribuindo ao leito poder e superioridade em relação ao participante representado como a parte necessitada e carente de ajuda, pois está em uma posição inferior ao seu leitor, do qual espera comoção, e sobretudo doação.
REFERÊNCIAS
KRESS,
G; VAN Leeuwen, T. Reading images the
gramar of visual design. London. Routledge. 2006.
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